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quinta-feira, 16 de junho de 2011

2 - A força da Lâmina Divina


 
Lilá permanecia parada, de costas. Segurava os dois leques prateados nas mãos, refulgindo o metal contra o sol. Alisson também não parecia fazer menção em se mover. Permanecia parado, olhando para Lilá, o mesmo sorriso indolente dançando em seus lábios.
—Aqui. —Disse Ashley, aproximando-se de Pedro, pondo a mão em seu ombro. —Não é muito. Ainda tenho que me aprimorar nisso. Mas vai estancar o sangramento pelo menos.
—Ahm? —Murmurou Pedro, voltando ao mundo. —Ah, não. Não precisa. Eu estou bem. Tenho que ajudar a Lilá.. —Sorriu de leve para Ashley, fazendo uma caretinha de dor. Apoiou as mãos no chão e já estava quase levantando, quando sentiu algo segurando-o pela gola das vestes, puxando-o e derrubando-o no chão com força.
—HEY! Trata de ficar paradinho aí! —Exclamou Ashley, parecendo furiosa, uma veia saltando em sua testa. —Você não está em condições de ajudar ninguém!
—Mas, a Lilá ela...!
—Chega, Pedro! Para com essa sua mania de achar que sempre precisamos da sua ajuda! —Exclamou a loira, empurrando o amigo mais uma vez contra o chão. Seu olhar agora era sério e não mais irritado. —Todos nós treinamos à exaustão...somos tão fortes quanto você...podemos lutar sozinhos!
Com os olhos arregalados, Pedro observou a amiga, que agora não olhava em seus olhos. Encostou novamente a mão em seu braço, formando mais uma vez aquela aura verde. Com um suspiro demorado, Pedro voltou o olhar para Lilá, que ainda estava parada, no mesmo lugar.
—Tsc...que saco. Você vai ficar aí parada? —Perguntou Alisson, com um ar entediado. —Tudo bem. Então eu vou fazer você se mover. GREAT CROSS!
Afastou as pernas e bateu um braço no outro, em forma de cruz. Uma enorme cruz purpura, daquela mesma energia que ele usava, voou em alta velocidade na direção de Lilá. A garota estreitou o olhar, mas não fez nenhum movimento. Quando o golpe já estava à poucos metros dela, ergueu uma mão, apontando o leque na vertical, na direção do ataque.
—Dança dos leques demoníacos. Grande corte. —Murmurou calmamente. Um brilho azulado envolveu o leque.
A cruz tocou o leque e, no mesmo instante, partiu-se em duas, passando ao lado de Lilá, fazendo seus cabelos sacudirem. As duas metades do golpe atingiram as árvores do bosque, causando uma enorme explosão, mas Lilá não parecia ligar para isso.
—É tudo o que tem? —Murmurou a garota, fechando um dos leques e guardando nas costas, posicionando o outro. —Só vou precisar de um, então.
—Ah? Está confiante só porque conseguiu desviar do meu Great Cross? —Riu Alisson, ainda em posição.
—Eu não desviei, panaca. Eu parti seu ataque ao meio. —Murmurou Lilá, com um ar de professor que responde à uma pergunta obvia.
—Ah, tanto faz, tanto faz. —Respondeu Alisson, fazendo um gesto de deboche com a mão. Estreitou o olhar e flexionou os joelhos, olhando diretamente para Lilá. —Vamos ver se é tão boa quanto pensa.
E sumiu no ar. Lilá arregalou os olhos e virou-se rapidamente. Posicionou o leque em frente ao rosto, defendendo um soco de Alisson. Empurrou-o para longe e saltou para trás, erguendo o leque acima da cabeça.
—Dança dos leques demoníacos! Vento infernal! —Exclamou, abaixando o leque rapidamente.
Uma rajada de vento soprou na direção de Alisson, que colocou os braços na frente do rosto para protege-lo.
“Ah, idiota. Usando o elemento vento, como aquele de óculos. Não vai adiantar de nad-“
Arregalou os olhos ao sentir uma ardência no braço. Pequenos cortes se abriam em sua pele e sua roupa, onde o vento tocava. Com os olhos arregalados, saltou para o lado e sumiu no ar, aparecendo metros atrás de Lilá.
—Ora, ora. Parece que consegui te surpreender. —Murmurou a garota, virando-se lentamente e olhando para ele com um sorrisinho maldoso.
—Maldita. —Murmurou Alisson, passando a mão pelos cortes. —Como conseguiu isso?
—Simples. —Disse Lilá, olhando para o leque em sua mão. —Esses leques são mais do que extensões do meu próprio corpo, como arma. Eles são extensão da minha própria energia. Quando uso o “vento infernal”, disparo pequenas partículas da minha própria energia, que se fundem à ventania e, com a velocidade dela, se tornam tão afiadas quanto o próprio aço.
 —Entendo... —Murmurou Alisson, trincando os dentes, firmando os pés no chão com mais força.  Ergueu as mãos em direção ao céu, formando mais uma vez a esfera de energia purpura. — Explosão Divina!
A enorme rajada de energia purpura partiu na direção de Lilá. A garota franziu a testa e ficou meio de lado, erguendo mais uma vez o leque na direção do ataque, o mesmo brilho azulado circulando-o.
—Idiota. Não percebeu ainda?
—Não dessa vez! —Exclamou Alisson, um sorriso triunfante nos lábios. Posicionou os braços cruzados sobre o peito, os dedos erguidos em direção ao céu. —Separação!
Próximo ao leque de Lilá, a Explosão Divina separou-se em duas, indo em direções opostas. As duas metades do golpe fizeram uma curva brusca e voltaram na direção de Lilá, atacando pelos dois lados. A garota arregalou os olhos mas não teve tempo de desviar. Os dois golpes se chocaram com ela, erguendo uma grande nuvem de poeira.
—LILÁ! —Gritou Pedro, arregalando os olhos. Tentou se levantar, mas Ashley forçou-o novamente na direção do chão, enquanto curava o ferimento em sua barriga.
—Eu já disse para ficar quieto. —Murmurou Ashley, num tom baixo. Apesar de tentar passar calma, Pedro via a tensão no olhar da amiga.
—Mas a Lilá, ela...!
—Já disse que não deve se preocupar. Vai estar insultando a Lilá se ficar se preocupando o tempo todo com ela. —Murmurou Ashley, dando um sorriso tremulo. —Ela é bem forte. Sabe se virar.
Pedro olhou Ashley por um instante, mas amiga parecia concentrado em seu ferimento. Olhou na direção da nuvem de fumaça que encobria Lilá. Alisson aproximava-se lentamente, a mão esquerda envolta pela aura purpura, tão densa que parecia ser um liquido.
—Amanda, vamos. —Disse William, atrás de Pedro e Ashley.
—Sim. —Murmurou a morena, estalando o ombro, segurando a espada com firmeza.
E, antes que pudessem falar qualquer coisa, sumiram no ar. Alisson ergueu as sobrancelhas e olhou por cima do ombro. William e Amanda saltavam atrás dele, a garota com a espada erguida acima da cabeça, cristais de gelo flutuando ao seu redor, enquanto William já tinha uma flecha posicionada, a corda esticada, apontando na direção da cabeça dele.
—PAREM!
E, com uma forte ventania, dispersou toda a poeira e parou o ataque de William e Amanda, jogando-os um pouco para trás. Aos poucos, a imagem de Lilá apareceu em meio à poeira que se dispersava. Segurava o outro leque em sua mão, mas parecia anormalmente grande. Ao menos dez vezes maior do que antes. Parecia arquejar e seus cabelos estavam revoltos. Jogou a cabeça para trás, olhando de uma maneira presunçosa para Alisson.
—Essa luta ainda é minha. —Murmurou Lilá, com um sorriso nascendo no canto de sua boca. Ergueu o leque que ainda estava no tamanho natural e posicionou-o um pouco à frente do rosto, deixando apenas um olho à mostra. —Giganto.
O brilho azul de antes circundou o leque e expandiu-se até ficar do tamanho do outro. Quando o brilho cessou, o leque estava do mesmo tamanho do seu gêmeo. Lilá afastou o leque de sua frente, segurando ambos ao lado de seu corpo, apoiando-os no chão.
—Ahm? Acha que vai conseguir me vencer só porque seus brinquedinhos agora são grandes? Não me faça rir. —Murmurou Alisson, com um ar de deboche. Esticou as mãos para frente, juntando uma à outra, fazendo mais uma vez a lâmina purpura surgir em suas mãos.
—Vai usar seu golpe mais forte? É, acho que consegui te assustar. —Riu Lilá, abaixando um pouco as sobrancelhas.
Alisson soltou um muxoxo, mas nada respondeu à Lilá. Afastou um pouco as pernas, firmando-as bem no chão e então sumiu no ar. Atenta, Lilá ergueu o leque da mão esquerda a tempo de deter o golpe do Seishin, rapidamente girando o outro leque em sua direção. O garoto sumiu no ar e voltou a aparecer, acima de Lilá, segurando a espada com as duas mãos, um golpe preparado para acertar a cabeça da garota e parti-la ao meio. Lilá deu um passo para trás e abriu os braços, levantando-os rapidamente, como se quisesse esmagar Alisson com os leques.
—Te peguei! —Exclamou Alisson, com um sorriso vitorioso. Usou a espada para manter os leques afastados e, aproveitando a guarda aberta de Lilá, acertou o pé em seu rosto, fazendo a garota cambalear para trás. Usou o rosto dela como apoio e saltou para cima mais uma vez, pegando a espada e dando uma pirueta no ar, parando em pé, de frente para a garota.
Lilá deu dois passos para trás e soltou um leque, levando a mão até o rosto. Sentiu o sangue em seu nariz e sua testa, soltando um palavrão baixinho. Olhou por entre os dedos, sentindo o sangue subir à cabeça.
—Maldito!! —Exclamou, brandindo o leque na direção dele, na diagonal. O leque disparou uma forte rajada de energia azul, que voou rapidamente na direção de Alisson.
—Idiota. —Riu o garoto, erguendo a mão e pondo a lâmina roxa em na horizontal. O golpe de Lilá partiu-se ao meio, sumindo no ar como fumaça. —Achou que só isso fosse me derrotar? Já tive tempo o suficiente para avaliar sua força e seus ataques. Agora.
E sumiu no ar. Lilá arregalou os olhos e, antes que pudesse reagir, sentiu a lâmina transpassar seu corpo. Olhou para baixo e viu a arma de cor purpura manchada de sangue, saindo por sua barriga. Atrás dela, Alisson sorriu maldosamente e puxou a espada, fazendo o sangue espirrar no chão. Lilá caiu de joelhos, o olhar vidrado à sua frente. O garoto ergueu a mão, preparando um golpe.
—Foi bom lutar com você. Mas acabou. —Disse, deixando um sorriso maldoso desenhar-se em seus lábios. Desceu a lâmina rapidamente na direção do pescoço de Lilá, pronto para decapita-la.
—Não tão rápido!
A lâmina roxa bateu em algo. Alisson franziu a testa e olhou para baixo. Amanda estava agachada à frente de Lilá, segurando a espada com as duas mãos, uma no cabo e outra na lâmina. A garota ergueu seus olhos azuis e fitou-o demoradamente, antes de sorrir de canto. Largou a espada que permaneceu flutuando no ar e correu as mãos até os pulsos dele. Uma grossa camada de gelo formou-se ao redor de suas mãos, como se fossem algemas.
—Agora, William! —Gritou Amanda, segurando a espada mais uma vez e empurrando o corpo para trás, derrubando Lilá.
William estava parado bem atrás delas. Já tinha uma flecha preparada em seu arco, apontada diretamente para a cabeça de Alisson. O garoto arregalou os olhos quando uma forte ventania rodopiou ao redor da flecha, antes de ser disparada, rasgando o ar quase na velocidade do som, sem chances de defesa.
A flecha atingiu o alvo e explodiu, levantando uma grande nuvem de poeira. Amanda agarrou o corpo de Lilá junto ao seu e formou uma densa camada de ar congelado ao seu redor, para protegê-las. William seguiu parado, o vento sacodindo seus cabelos e o que restava do sobretudo que usava. Quando o vento cessou, lentamente a fumaça começou a abaixar, rodopiando até dispersar-se.
—A...acabou? —Perguntou Pedro, sentado ao lado de Ashley. A ferida ainda estava dolorida, mas já havia parado de sangrar.
—Eu...acho que sim... —Disse Ashley, olhando para a coluna de fumaça que já desaparecia.
William abaixou o arco lentamente, ainda olhando para a fumaça que já não passava de uma névoa tênue. Sua testa estava suada e sua respiração era ofegante. Sentia seu corpo exausto e tremulo. Seja lá quem fosse aquele cara, se não tivessem derrotado ele ali, naquele instante, com certeza estariam mortos.
—WILLIAM! —Gritou Amanda, arregalando os olhos.
Por um instante, tudo pareceu ocorrer em câmera lenta. William não soube quando, apenas sentiu aquela dor em seu peito e o sangue espirrar. Uma forte corrente elétrica passou por seu corpo, fazendo seus joelhos dobrarem. Olhou para baixo e viu a Lâmina Divina passando por seu peito, saindo em suas costas. Ganiu de dor e, antes que pudesse cair de joelhos, sentiu a lâmina rasgar sua carne e abrir um rasgo em seus músculos, do peito até o ombro.
—WILL! —Gritou Ashley, correndo até o amigo.
—A lâmina Divina não é meu golpe mais forte apenas por ser brilhante. Ela é uma extensão completa do meu corpo. —Disse Alisson, aparecendo por trás da fumaça. Sua energia emanava por todo o corpo. Havia um buraco em seu ombro, de onde escorria sangue, mas ele não parecia se importar. Esticou o braço bom para frente e a lâmina voou até sua mão, segurando-o com força. —Posso controla-la aonde quer que eu esteja. E ela vai obedecer todas as minhas ordens.
“Quem é esse cara?” pensou Pedro, arregalando os olhos, aterrorizado. Seu olhar correu até William. O primo estava jogado no chão, a boca meio aberta. Respirava em arquejos rápidos e o sangue não parecia parar de jorrar da ferida. Ashley se debruçava sobre ele, a aura esverdeada cobrindo todo o peito do rapaz, enquanto a loira se debulhava em lagrimas.
—Bem...hora de terminar com isso.  —Disse Alisson, com calma. Olhou de canto para Amanda e deixou um sorriso diabólico formar-se em seus lábios. —Morra.
—AMANDA!! —Gritou Pedro, tentando levantar-se rápido.
Sem fazer nenhum movimento aparente, Alisson atirou a Lâmina Divina na direção de Amanda. A espada purpura cortou o ar tão rápido que Amanda mal teve tempo de erguer a espada. Mesmo assim, o golpe transpassou a lâmina e atingiu seu ombro, fazendo o sangue jorrar. A garota arregalou os olhos enquanto sentia o golpe rasgar sua carne, da mesma forma como fizera com William. A lâmina de sua espada trincou e partiu-se ao meio, no mesmo instante em que seu corpo caia no chão, o sangue tingindo a grama de vermelho.
—Hm. Fracos. —Murmurou Alisson, estendendo a mão e fazendo a lâmina voltar para ele. —Bem, vou acabar com esses dois rapidamente e-
Parou a frase na metade, ao sentir uma forte pressão energética que o empurrava para trás. Olhou para o lado, com os olhos arregalados. Pedro estava de pé, o corpo circundado por uma aura alaranjada que parecia sofrer pequenas explosões em intervalos regulares. Pequenas labaredas pareciam irradiar de seu corpo. Os cabelos caiam por sobre seus olhos, formando uma sombra que impedia os outros de vê-los. Estendeu uma mão para frente e a espada saltou de sua bainha. Era uma espada europeia, de lâmina azul, com o nome Ravenclaw sulcado em sua superfície. O cabo era de bronze, muito bem adornado, com inscrições em latim. Segurou o cabo com força e, no mesmo instante, sumiu no ar.
—Não pode ser! —Exclamou Alisson.
Ergueu a lâmina purpura e deteve um golpe. Sem esperar, Pedro sumiu mais uma vez no ar. Alisson arregalou os olhos e foi recuando, defendendo os golpes com dificuldade. Era difícil manter a guarda usando apenas uma das mãos e os golpes dele pareciam ficar cada vez mais fortes. Por mais que tivesse grande velocidade, já estava começando a cansar e não conseguia encontrar uma brecha para ataca-lo.
—Droga, desse jeito eu vou ser derrotad-
Mas parou a frase quando seu pé escorregou num buraco no chão. Seu corpo caiu um pouco e abriu a guarda. Quando olhou para frente, Pedro já estava parado. Deu um golpe com a espada, de cima para baixo, tirando a Lâmina Divina de sua mão. A espada purpura rodou no ar antes de cravar-se no chão, 3 metros atrás deles.
—É você quem vai morrer. —Murmurou Pedro, estreitando o olhar. Aura laranja em seu corpo concentrou-se toda na lâmina da espada, fazendo-a resplandecer. Ergueu-a acima da cabeça e desceu com tudo na direção de Alisson.
—Não tão rápido. —Murmurou Alisson, abaixando as sobrancelhas.
Pedro parou o movimento no ar quando sentiu uma nova dor em sua barriga. A respiração ofegante, olhou para baixo. A lâmina roxa mais uma vez transpassava seu corpo, pingando sangue. Alisson estendeu a mão e segurou a parte que sangrava, puxando sem nenhum cuidado a lâmina do corpo de Pedro, que cambaleou dois passos para trás e caiu no chão, apoiando um joelho e a espada no chão, cuspindo sangue no gramado.
—Mal...dito! —Exclamou Pedro, a voz saindo fraca e abafada pelo trincar dos dentes. Ergueu o olhar e fitou Alisson, que parecia se divertir com as gotas de sangue que pingavam da Lâmina Divina.
—Ainda está vivo? Bem, talvez seja a hora de mata-lo. Isso é, se não tiver mais nenhum amigo seu para aparecer. —Disse Alisson, com um tom de ironia. Limpou o sangue da lâmina com um simples movimento para o lado. Num piscar de olhos, já estava diante de Pedro, o braço erguido, preparado para partir Pedro em dois. —Adeus, piromago.
Sua espada desceu com um zunido quase animalesco. O tempo parecia ter desacelerado. Seu corpo não se movia. Nem mesmo conseguia erguer a espada para deter aquele golpe. Era o fim.
Um vulto rápido passou à sua frente, pondo-se na frente do golpe. Com apenas uma das mãos, segurou a lâmina no ar. A outra ele apoiou na barriga de Alisson e murmurou algumas palavras. Então, um grande jorro de fogo atirou o adversário longe, atingindo algumas árvores.
—Tsc. Eu perdi todo o meu tempo para você se tornar esse verme imprestável? —Perguntou o homem recém chegado. Usava um quimono velho e bastante gasto, de cor cinzenta, uma jeans surrada, sem sapatos. Seus cabelos eram grisalhos, apesar de seu rosto não ser tão velho. Puxou um cigarro do bolso e pôs em seus lábios, usando a piromancia para acende-lo.
—La...Laguna?
—Eu mesmo. —Murmurou o velho mestre piromago, sorrindo sem vontade para Pedro, antes de olhar para o restante do grupo. Então, virou o olhar na direção da casa, parecendo anormalmente sério. —HEY, RICARDO! SAI LOGO DAÍ! SEU FILHO LEVOU UMA SURRA E TANTO!
Seu grito ecoou por todo o ambiente, até sumir no ar. Todos os presentes olharam para ele, surpresos, sem reação. Então, com um ‘tsc’ conformado, estalou o pescoço, tirando o cigarro da boca e incinerando-o por completo.
—Idiota. Pelo visto eu vou ter que resolver tudo sozinho. Isso é um saco.
—Desgraçado!! —Gritou Alisson, já ao lado de Laguna.
O mestre piromago olhou-o de lado e estreitou o olhar. Então, sumiu no ar e voltou a aparecer atrás do adversário, acertando um chute em suas costas. Alisson arrastou-se pelo chão alguns metros, antes de conseguir levantar-se. Estava sujo de sangue e terra e já não tinha mais a aparência delicada de quando chegou.
—Se acha que sou tão fraco quanto eles, a ponto de cair nesses truques velhos, é melhor mudar seus conceitos, rapaz. —Murmurou Laguna, estalando os pulsos despreocupadamente. —Ou vai acabar morto.
—Morto? É VOCÊ QUEM VAI MORRER! —Gritou Alisson, erguendo o braço. A lâmina roxa cresceu até ficar do tamanho de uma lança. Esticou o máximo que podia o braço para trás e atirou a lâmina que voou na direção de Laguna velozmente.
—Eles nunca aprendem. —Murmurou Laguna, abaixando a cabeça, decepcionado. Quando a lâmina já quase atingia sua cabeça, ergueu a mão e parou-a sem dificuldades. —Vou repetir. Se acha que golpes assim vão me atingir, é melhor mudar seus conceitos.
E, fechando a mão com força sobre o golpe, fez a lâmina roxa despedaçar-se em fragmentos de energia que caíram na grama e sumiram. O mestre piromago permaneceu de cabeça baixa. Então, sem aviso, sumiu no ar.
—Chega de brincadeira. Grande Dragão.
Sem defesa, Alisson foi engolido pela rajada de fogo que saia das mãos de Laguna. Por um instante, a imensa nuvem de fogo cobriu tudo. Com uma sacudidela da mão, Laguna fez o ataque cessar, saltando para trás. Desleixado, esperou a nuvem de poeira abaixar para conhecer o resultado de seu golpe.
—O que?!
O local onde Alisson estava, agora estava vazio. Havia um imenso vão onde a grama estava queimada e a terra removida, por causa do golpe. Mas não havia corpo incinerado ou restos mortais. Laguna arregalou os olhos e virou-se para trás. Uma forte explosão atingiu diretamente o lugar onde ele estava. Conseguiu saltar para trás a tempo, pondo os braços sobre o rosto para proteger-se da poeira e do forte deslocamento de ar causado pela explosão.
—Mas o que diabos...!
A fumaça rapidamente dispersou-se, como que empurrada por alguma força. No mesmo instante, uma pressão energética ainda maior do que a que Alisson impunha caiu sobre o local. Laguna arregalou os olhos e fez força para seus joelhos não cederem. Olhou para frente, sentindo a testa suar.
—Oras, oras. Pensei que você fosse suficiente para cuidar deles, Alisson.
Um homem de uns três metros de altura saia de dentro da fumaça. Tinha uma barba loira e pontuda, mas era careca. De sua cabeça desprovida de cabelos, partiam várias tatuagens negras, bem complexas. Tinha o corpo musculoso. Em uma das mãos carregava uma grande clava cheia de pregos e com a outra apoiava o corpo de Alisson num ombro. Não parecia fazer o menor esforço para liberar toda aquela energia.
—Quem é você? —Perguntou Laguna, rangendo os dentes. O homem virou seus olhos verdes na direção do piromago, sorrindo maldoso.
—Eu? Sou o cara que vai acabar com a sua raça. Terceiro Seishin, sob o comando do general Vincent Graham. Maxwell!

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